Eles já estão na estrada desde 1969, carregam histórias das mais valiosas no rock pesado, contam com um vocalista assumidamente homossexual, acabam de perder um dos fundadores, que se aposentou, e fecham neste sábado o histórico amoroso com a cidade de São Paulo.
Após um show de abertura de luxo de David Coverdale e o Whitesnake, será a vez de Rob Halford, Glenn Tipton, Ian Hill, Scott Travis e o novato Richie Faulker realizarem a apresentação na Arena Anhembi em São Paulo na turnê de despedida dos “Deuses do Metal”.
Sem o mesmo apelo de bandas como o Black Sabbath, o Iron Maiden e o Metallica, foi o próprio Judas Priest que se deu a alcunha de “Metal Gods” a partir de uma música que é um dos clássicos da banda.
O próprio Judas Priest tem em Rob Halford um defensor dos homossexuais, sendo que ele é assumido, logo em um estilo musical que geralmente é marcado pelo preconceito. Ao que parece, Halford e o Judas não perderam fãs após o cantor tornar o assunto público.
Com o Judas Priest você vê uma moto Harley Davidson no palco, com o motor ligado, como talvez os fãs de axé devem ter visto nos shows do Asa de Águia, que copiou um dos grandes momentos da banda britânica de metal.
“Malhar o Judas” virou algo muito fácil para os críticos musicais somados todos os fatores citados acima, além do fato de a banda se renovar a cada álbum, sendo os últimos muito atacados pelas mudanças no som. Sem contar que quando escolheram gravar covers, os britânicos ousaram nas escolhas (o que reforça a presença no Espelho Mau).
Só o Judas Priest teve a coragem para regravar “Diamonds and Rust”, de Joan Baez, e deixar a versão com a sua cara, a ponto de o filho da cantora dizer que prefere ouvir Halford cantando a música.
Outro cover marcante foi o de “The Green Manalishi”, do Fleetwood Mac, assim como o clássico rockabilly “Johnny B. Good”. Mas o caso da “Fera Verde” é mais curioso, já que a versão também é muito Judas Priest e ainda ocasionou cover do cover, com execuções como a da banda sueca de heavy metal Therion.
Para quem vai ter a oportunidade de ver o Judas Priest pela última vez na capital paulista, os velhinhos continuam mandando bem e o som é altamente recomendável. Agora, fica o alerta. Esse anúncio de turnê de despedida me soa meio estranho para quem acaba de avisar que vai lançar mais um álbum em 2012 e que contratou um novo guitarrista para o lugar de K.K. Downing quando este queria pendurar as guitarras. Isso me soa oportunismo barato e aí sim pode ser um motivo para malhar o Judas!